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Banda de Golães

A Banda de Golães, hoje também conhecida por Sociedade Artística Musical Fafense, é a mais antiga filarmónica local, remontando a sua fundação, ao ano de 1770. Pelos dados existentes no arquivo paroquial de Golães e designadamente no " Livro de Certificados da Senhora de Gulaens", existiria na freguesia uma banda musical que viria a formar através do tempo a génese da atual Banda de Golães. Terão sido seus fundadores dois irmãos sacerdotes de apelido Coelho de Barros, conhecidos pelos “Padres de Pequite”. Segundo vários registos datados do final do século XVIII e XIX, aquela banda " dava cor musical às romarias da freguesia, e arredores”.


Em termos de história da Banda, o final do século XIX surge agitado por dois acontecimentos de sinal contrário. O primeiro, negativo, foi a morte trágica, em 15 de Janeiro de 1891, em Fafe, do mestre Clementino Coelho de Barros, sobrinho dos fundadores. Esse desaparecimento teve repercussões desanimadoras na vida da instituição. O facto positivo é que, poucos anos depois, em 1895, a Banda de Golães, foi escolhida para Banda da então jovem corporação dos Bombeiros Voluntários de Fafe. Tal facto deveu-se, sobretudo, à implementação social da Banda no concelho. Eram, ao tempo seus diretores artísticos Manuel da Silva Maia e Nicolau Coelho de Barros.

Já no século XX, em 1924, o Golanense António Dias Gonçalves, mais conhecido por "Antoninho Seara", trabalhou para a fusão das bandas existentes em Fafe.

Da hipotética fusão, resultaria apenas uma filarmónica - a “Banda de Fafe”. Terão concordado os músicos das Bandas de Golães e de Revelhe, mas na véspera da oficialização da fusão, membros da Banda de Golães opuseram-se a esta, tendo esta ideia sido abortada.

Na mesma altura a Banda e Golães perde o seu incomparável maestro Manuel Maia, perde também o contra-mestre Bernardino Mendes (conhecido por Febras), bem como diversos dos seus executantes e, mais tarde, deixa de contar com aquele que foi considerado um dos maiores maestros civis de todos os tempos, José Maciel.

Apesar de tudo, a Banda vai resistindo, graças ao trabalho de Cândido Mota, sob o ponto de vista musical e administrativo, continuado depois pelo maestro Aníbal José Rodrigues.

Entretanto em 1944, como consequência da crise estalada e sobretudo por falta de regulamento interno dos bombeiros Voluntários de Fafe que definisse os deveres recíprocos de músicos e bombeiros, a Banda de Golães deixa de pertencer à corporação e regressa à antiga designação e estatuto.

Em 1958, um grupo de Fafenses - Padre António Coelho de Barros, Alberto Alves, Cândido Mota, Eng.º Albertino Freitas Gonçalves, Damião Monteiro, Fernando João Carlos da Conceição, Paulino Gonçalves Rocha e Albino Teixeira de Castro Guimarães - fundou a Sociedade Artística Musical Fafense para apoiar e dar personalidade jurídica à Banda de Golães.

Nesse ano é eleita a primeira direção que ficou composta pelo Padre António Coelho de Barros, Manuel Teixeira e Castro Guimarães, Alberto Alves, Gervásio Pereira e Daniel Freitas.

Em 1973, a Banda de Golães foi distinguida pelo Presidente da República com o galardão Grão-Mestre das Ordens de Mérito Civil, sendo a única filarmónica do Norte com tal distinção, o que honra e enobrece o seu historial.

Em 1976 gravou um LP. A banda era dirigida na altura pelo ilustre Maestro e Compositor Ângelo Moreira.

Mais recentemente, em 1995, a Banda de Golães foi agraciada pela Câmara Municipal de Fafe com a Medalha de Ouro de Mérito Concelho, coroando mais de dois séculos de serviço à música e à cultura neste concelho.

Além dos maestros atrás referidos, desempenharam também aquelas funções na Banda Manuel Ferreira, também diretor artístico do saudoso Orfeão de Fafe, José Pacheco, Manuel Sousa, Ângelo Moreira, Fernando Baptista e Maestro Fernandes.

Durante mais de quatro décadas presidiu aos destinos da Banda o Padre António Coelho de Barros, que cedeu o cargo em 1991 a Afonso Araújo Castro que esteve à frente dos destinos da instituição durante dez anos.

Em 1999 toma conta da direção artística da Banda o Maestro Filipe Silva que esteve neste cargo até Outubro de 2012.

Em 27 de Julho de 2001 uma comissão administrativa, composta por Manuel Ricardo Freitas, Ernesto Machado, Tiago Ferreira e Doutor José Baptista, toma conta dos destinos da Banda.

Tendo como principal objetivo a sustentabilidade da instituição, esta comissão decidiu criar uma escola de música para assim formar novos elementos e rejuvenescer o quadro de músicos. Um ano depois a escola de música começa a dar retorno, tendo então nascido em 2002 a Orquestra Juvenil da Banda de Golães, constituída por cerca de 25 elementos. Realizou as suas primeiras apresentações públicas na "Quadra Natalícia" desse ano, numa série de concertos realizados em algumas freguesias do concelho de Fafe. A escola da Banda, que atualmente se mantém em actividade tem tido desde o seu primeiro momento a colaboração dos Professores Sílvia Castro e Tiago Ferreira.

Em Maio de 2002, procedeu-se à gravação de um CD que foi gravado no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga.

No dia 9 de Abril de 2011 toma posse a direção presidida pelo empresário Joaquim Manuel Guimarães Lima, que tem assumido os destinos da banda até aos dias de hoje.

De 2012 a 2017, o Prof. Francisco Ferreira assumiu a Direção Artística da Banda, com o propósito de elevar ainda mais o seu nível artístico. Desde então até aos dias de hoje a Banda tem vindo a crescer de forma sustentável, tendo na sua formação atual uma grande percentagem de elementos oriundos do Concelho de Fafe, facto para o qual a escola de música tem tido um papel preponderante. Em 2018, o maestro Filipe Fonseca torna-se o novo diretor artístico desta instituição, com o objetivo de dar continuidade ao trabalho realizado nos últimos anos, bem como de expandir o trabalho da instituição a outros domínios artísticos. Em Novembro de 2018, a Banda de Golães colhe da sua participação no V Concurso de Bandas Filarmónicas de Braga todos os prémios em disputa:1º prémio da classificação geral; prémio Afinaudio, para a melhor banda do distrito de Braga; e prémio Batuta de Prata para o seu maestro Filipe Fonseca, que elege o melhor maestro das bandas a concurso no certame. Tem previsto para 2019 a gravação de um CD, e para 2020 uma série de atividades artísticas e associativas que assinalem e celebrem os seus 250 anos de história.


Filipe Fonseca | Direção Musical


Filipe Fonseca (n. 1987), iniciou os seus estudos musicais aos 12 anos. Ao longo do seu percurso académico estudou com os professores Paulo Botelho, Francisco Ferreira, Henk van Twillert, Fernando Ramos e Gilberto Bernardes. Terminou a licenciatura em saxofone na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo no ano de 2008, e o Mestrado em Ensino da Música na Universidade Católica Portuguesa em 2018, ambos com nota máxima.

Ao longo do seu percurso académico, frequentou vários cursos de aperfeiçoamento com alguns dos mais reputados saxofonistas, como Vincent David, Mário Marzi, Claude Delangle. ou Arno Bornkamp. Na área da Direção de Orquestra, teve a oportunidade de trabalhar com os Maestros Jan Cober (NL), José Rafael Pascual Vilaplana (ES), Francisco Ferreira (PT), Peter Rundel (ALE) e Joana Carneiro (PT).

Conquistou vários prémios em concursos internacionais, dos quais se destacam os 1.º prémios de saxofone nos concursos:

Concorso Internazionale di Musica Marco Fiorindo – Turim, 2005

;

Concurso Vítor Santos, FISPalmela

, 2005; Concorso per Giovanni Interpreti Cita di Chieri, 2007 (nas categorias de saxofone solista e música de câmara, com o Ensemble de Saxofones Vento do Norte);

II Concurso Nacional de Instrumentos de Sopro Terras de La Salette, 2009. Também na área da Direção de Orquestra recebeu vários reconhecimentos, destacando-se o 1.º prémio nos seguintes certames: Vencedor e Prémio Batuta de Prata (melhor maestro), no Concurso de Bandas Filarmónicas de Braga, 2018 (como maestro da Sociedade Artística e Musical Fafense - Banda de Golães); Warsaw Wind Band Conducting Competition, Polónia, 2023.

Fundou e estreou em 2021 o Ensemble Polaris. Tocou a solo com a Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra Filarmónica de Turim, Banda Sinfónica Portuguesa e Banda Militar do Porto. Gravou a solo com as bandas de Melres e Cinfães. Nos anos de 2008/2009, trabalhou como professor assistente na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), tendo dirigido a Orquestra Portuguesa de Saxofones. Realizou vários concertos por todo o país, bem como Bégica, Países Baixos e Venezuela (em colaboração com o projeto das Orquestras Infantis e Juvenis da Venezuela – El Sistema).

Dirigiu como maestro convidado o Ensemble de Metais Portuguese Brass, a Orquestra de Sopros da EPABI, a Banda Sinfónica do Estágio Silvalde, a Orquestra Filarmonia de Vermoim, a Orquestra do IV Estágio de Verão da Banda Musical do Pontido, Orquestra de Cordas do Conservatório ArtEduca e a Orquestra de Sopros do Conservatório Regional de Palmela. Também a nível operático tem desenvolvido atividade regular, colaborando e dirigindo os projetos do Estúdio de Ópera da AMVP.

Leciona atualmente saxofone e música de câmara na Academia de Música de Vilar do Paraíso. De 2009 a 2017 desempenhou funções de maestro e diretor artístico na Banda Musical de São Tiago de Silvalde.

Desde 2018 é maestro e diretor artístico da Sociedade Artística e Musical Fafense - Banda de Golães. Acumulou em 2024 o cargo de Diretor Artístico e Maestro Titular da Banda Musical de São Tiago Silvalde.


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